quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Sony Mavica - A primeira analógica

Magnética, electrónica ou digital? Cada uma das designações tem os seus adeptos. E esta falta de consenso não se resume à classificação da Sony Mavica (Magnetic Video Camera) enquanto máquina fotográfica. Na realidade, a polémica começou pouco depois de a marca nipónica ter anunciado, em Agosto de 1981, uma câmara capaz de registar uma imagem isolada (ao contrário do vídeo) num suporte magnético, por oposição à fotografia. Vários fabricantes, tanto de equipamentos de tomada de vista como de materiais sensíveis, reagiram energicamente a este anúncio, alguns deles classificando-o como prematuro - estava previsto que o modelo só deveria ser produzido industrialmente em 1983 - e afirmando que o mesmo se destinava exclusivamente a fazer subir a cotação das acções da Sony na bolsa.
Segundo os responsáveis da marca, a câmara incorporava o que de mais avançado havia em termos de tecnologia de gravação magnética, CCD e semicondutores. O seu carácter revolucionário estava bem vincado pelo facto de não usar filme, mas antes um CCD de 10 x 12 mm com 570 x 490 píxeis, e de o registo ser feito num disco magnético, analógico - o Mavipack -, capaz de armazenar 50 imagens que eram depois reproduzidas num leitor próprio, o Mavipack Viewer, de modo a poderem ser vistas num ecrã televisivo. A qualidade das mesmas era considerada como estando ao nível dos padrões mais altos de televisão, da época.

O facto de este tipo de registo fotográfico (ou, melhor, videofotográfico) não exigir a revelação e a impressão, próprias do processo fotográfico convencional, era invocado pela Sony como um dos argumentos mais fortes a favor da Mavica.
No entanto, o modelo nunca chegou a conhecer a aceitação do mercado que os responsáveis da marca desejavam. Na verdade, do ponto de vista do utilizador, a primeira câmara magnética apresentava limitações muito importantes. Embora se tratasse de uma câmara reflex com objectivas intermutáveis (a 25 mm f:2, a 50 mm f:1.4 e a 16-65 mm f:4), estava limitada a valores fixos de sensibilidade e de velocidade de obturação: ISO 200 e 1/60” respectivamente. Por outro lado, a vantagem de se poder ver as fotografias imediatamente num televisor, era contrabalançada pelo facto de tal apenas ser possível através de um leitor próprio, a que se juntava, inicialmente, a impossibilidade de imprimir as imagens em papel. A atitude do mercado acabou por reflectir estas insuficiências.
A nova tecnologia, se bem que interessante do ponto de vista das possibilidades técnicas, apresentava limitações importantes em relação àquilo a que os utilizadores estavam habituados com os meios tradicionais: câmaras muito evoluídas, tecnicamente, e filmes e papéis de qualidade em constante melhoria.

Seja como for, a Sony Mavica constitui um marco importante na história do aparelho fotográfico, havendo quem considere esta pioneira da fotografia sem filme – se não a primeira - pelo menos como a precursora da fotografia digital.
Akio Morita, à data, presidente da Sony, com a Mavica e o Mavipack.

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