quarta-feira, 18 de maio de 2011

Teste - Samsung NX100

Com características internas muito próximas das da primeira câmara da série, a Samsung NX100 constitui uma proposta mais económica do que a NX11 - já a encontrámos à venda por pouco mais de 400 Euros, numa loja online -  para a entrada no segmento dos sistemas “micro”, dirigindo-se a um utilizador cansado das restrições impostas pelo minúsculo sensor da câmara compacta com que se iniciou na fotografia digital.
Talvez, procurando que a transição não seja muito brusca, a NX100 possui um corpo liso, com formas próximas das de uma compacta, o que a faz perder em ergonomia, em relação à NX11. Em traços gerais, o seu design externo distingue-se do da sua companheira de gama, pelo corpo a lembrar as “antigas” câmaras de telémetro, sem que o possua, bem entendido. Pelo contrário, a NX11 quase se confunde com uma pequena reflex, e possui flash integrado, ausente na NX100.

Novidades e heranças
O interior da câmara - sensor CMOS de formato APS-C e 14.6 Mp, tipo e número de pontos de focagem (15), processador de imagem DRIM, capacidade de disparos contínuos (3 fps), velocidade máxima de obturação (1/4000”) e opções de gravação de vídeo (HD 720p, a 30 ips) - bem como alguns componentes do exterior - é o caso do monitor traseiro AMOLED, de 3” -, são herdados da NX10, a primeira proposta do género, apresentada pela marca coreana. Apesar de tudo, a NX100 é a mais pesada (420 gramas) de todas as NX produzidas até à data.
Novidade absoluta é a nova objectiva Samsung i-Function 20-50 mm f:3.5-5.6 ED, apresentada ao mundo na passada Photokina, justamente, com a NX100. Em mais do que um aspecto, as semelhanças com a primeira objectiva M.Zuiko Digital - a 14-42 mm f:3.5-5.6 ED - apresentada pela Olympus, aquando do lançamento da emblemática PEN E-P1, são susceptíveis de levantar suspeitas acerca de uma eventual origem comum, das duas objectivas. Ambas são de tipo colapsável, com um travão lateral e utilizam 9 elementos distribuídos por 8 grupos. Juntemos a isto o facto de ambas possuírem uma rosca frontal para filtros, com 40.5 mm, e a suspeita ameaça instalar-se. No entanto, desenganem-se os que gostam de ver factos onde eles não existem; as respectivas distâncias focais não coincidem. Não se trata, portanto, da mesma objectiva!

De qualquer forma, as semelhanças param, mesmo, por ali. A óptica da marca coreana possui um anel de focagem com uma dupla capacidade; por um lado, permite assegurar a nitidez da imagem, em conjunto com uma lupa electrónica (uma utilização engenhosa, e bem mais útil do que o habitual, da função de zoom digital); por outro, usado em conjunto com o botão i-Function, permite seleccionar diferentes parâmetros de tomada de vista, como a abertura relativa, a compensação de exposição, o equilíbrio de brancos e a sensibilidade. Sem dúvida, uma solução inteligente, implementada pela Samsung, para facilitar a vida ao fotógrafo!
Tal como as suas concorrentes mais recentes, da Olympus (sobretudo, as PEN E-PL1 e E-PL2), a Samsung NX100 possui na sua parte traseira, logo abaixo da sapata de acessórios, uma ficha de ligação para um visor electrónico opcional. Adeptos incondicionais da existência de alternativas à composição exclusiva a partir do monitor traseiro - quem fotografa no Verão, sob o intenso sol directo português, sabe do que estamos a falar -, a inclusão daquela ficha é uma opção que não podemos deixar de saudar.
Apesar de se tratar de uma câmara dirigida ao mercado amador, existem aqui alguns aspectos mais “pro”, que facilitam imenso a vida a quem gosta de comandar o trabalho da câmara, em vez de ser escravo dos seus automatismos. Estamos a referir-nos às duas rodas de introdução de dados, respectivamente, no painel traseiro - em redor do multisselector, como se de uma Canon EOS de gama média-alta se tratasse - e no painel superior, imediatamente atrás do botão do disparador. Recordemos que a norma, em equipamentos deste nível de preço, costuma ser uma só daquelas rodas, cuja acção é comutada pressionando o botão de compensação de exposição.

Também com filtros artísticos
Os filtros artísticos, aplicados digitalmente às imagens, constituem uma opção de popularidade crescente, depois de a Olympus a ter introduzido nas suas reflex, e de Pentax e Canon lhes terem seguido o exemplo, com a K-7 e a EOS 60D, respectivamente.
A Samsung também parece ter gostado da ideia de oferecer estas soluções - interessantes, na nossa opinião - e dotou a NX100 com 7 daqueles tipos de processamentos alternativos, reunidos sob a designação de “Smart Filter” (Filtro Inteligente) e acessíveis a partir do menu de visualização: Vinhetagem, Miniatura, Olho-de-peixe, Esboço, Desembaciamento, Trama de pontos e Foco suave. Trata-se, portanto, de um conjunto de opções de tratamento póstumo, que preserva os ficheiros JPEG originais - seguindo a mesma filosofia que a Canon -, em vez de uma captação directa, como é o caso de Olympus e Pentax.. Tratando-se da aplicação de algoritmos de simulação de efeitos, não espere, por exemplo, obter um grande ângulo de campo visual com o efeito Olho-de-peixe, ou distribuições de nitidez semelhantes às obtidas com uma câmara técnica, usando o efeito de Miniatura.

Desempenho com altos e baixos
O lote de programas especializados (vulgo, modos de cena) oferecido pela NX100 é bastante variado. São, ao todo, 14 opções diferentes que o utilizador tem à sua disposição, da fotografia nocturna à fotografia de aproximação, do modo de pôr-do-sol até ao modo dedicada a fotografar textos. À semelhança do modo totalmente automático, as opções de configuração disponibilizadas ao utilizador são em número muito restrito. Este último, por exemplo, apenas nos “autoriza” escolhermos o número de píxeisMp (compreendendo as variantes de formato 3:2, 16:9 e 1:1).
O modo P permite-nos maior margem de manobra com a escolha de equilíbrio de brancos, ISO e de combinações de valores de exposição, com vista a maior criatividade no domínio da profundidade de campo e do registo de objectos em movimento.
Já, mais difícil de entender é a razão pela qual a ampliação, em modo de visionamento das imagens gravadas, de faz de modo tão faseado, com as opções de 1.1, 1.2, 1.3, 1.5, 1.7, 2, 2.4, 3, 4, 6.1 e 7.2x. Iniciar, directamente, a série de opções em 1.5x seria, na nossa opinião, uma forma bem mais prática.
Em condições de boa luminosidade, a focagem com a objectiva do conjunto-base é razoavelmente rápida, embora não se possa afirmar que o conjunto possua prestações brilhantes, neste domínio. Em interiores com muito pouca luz, a nova objectiva revela algumas fragilidades, neste domínio, relativamente à concorrência.
As opções de equilíbrios de brancos funcionam bem em quase todas as situações. Sob iluminação de tungsténio, o modo automático não difere muito, em termos de rigor na reprodução das cores, daquilo que é comum encontrarmos nas câmaras da concorrência. Comutar para o modo específico ou - ainda melhor - usar as opções manual ou de personalização do equilíbrio de brancos, constituem as melhores alternativas.

Boa qualidade de imagem
O desempenho do sensor de imagem que equipa a série NX, da Samsung, é já conhecido desde o modelo pioneiro, a NX10. Na câmara testada, o panorama mantém-se. A análise visual das imagens obtidas mostrou valores de ruído muito bons, entre ISO 100 e 800, notando-se um ligeiro acréscimo do mesmo quando se usaram as sensibilidades de ISO 1600 e 3200. A ISO 6400, observa-se novo incremento no ruído, que tende a mascarar o detalhe original da imagem.
Nas duas sensibilidades mais altas - sobretudo ISO 6400 - o ruído assume um carácter muito natural, a lembrar o grão do filme - em certos casos, parecia termos voltado aos tempos do popular Kodak Tri-X Pan, quando convertíamos a imagem para preto e branco.
A gama dinâmica de entrada é boa, na generalidade das sensibilidades, diminuindo - como é de esperar - quando se utilizam valores ISO mais altos. A reprodução tonal é bastante constante, em toda a gama de valores de sensibilidade.
O processamento não é demasiado agressivo e as transições entre tons fazem-se de forma suave, sem a presença de artefactos em quantidade apreciável. Este é um dos sensores mais “honestos” que temos visto, tanto ao nível dos sistemas “micro”, como das reflex, em geral.

Objectiva acompanha
A objectiva tem um bom desempenho no capítulo da vinhetagem a plena abertura, com perdas de luz para os cantos, mais baixas do que seria de esperar dos 20 mm de distância focal mínima. É bem possível que o processamento efectuado pela câmara dê aqui uma “ajudinha”, com alguma compensação; pelo menos, parcial.
A resolução está em bom nível, e de acordo com o processamento pouco agressivo praticado pela câmara. O melhor rendimento obtém-se abaixo de f:16. Embora não se mostre tão alta como no caso de alguns modelos concorrentes - nomeadamente, os da Olympus -, a distribuição da resolução pela área da imagem é muito homogénea, quando usada a focal de 50 mm. No extremo contrário da gama zoom, são notórias maiores variações entre o centro e os bordos da imagem.
Os valores da distorção, tanto a 20 como a 50 mm, estão dentro dos limites do aceitável para o tipo de trabalho a que se destina a NX100.
Imagens com vinhetagem muito pronunciada, como esta, ape-
nãs são possíveis, na Samsung NX100, usando o filtro criativo
com o mesmo nome.

Conclusão
A Samsung NX100 continua a (por enquanto, curta) tradição da série NX. Partilha os mesmos argumentos técnicos com a primeira câmara do segmento, produzida pela marca coreana, como o sensor, processador e monitor traseiro, entre outros, mas perdeu o visor electrónico e o flash integrado, daquela.
Em contrapartida, oferece a possibilidade de montar um visor opcional e a compatibilidade com as objectivas de nova geração, i-Function, que aumentam a facilidade de controlo sobre os parâmetros de configuração da exposição, através da pressão num botão e selecção da opção pretendida.
Apesar de alguma lentidão de resposta, ao nível da focagem, a qualidade de imagem fornecida pela objectiva é bastante boa, com valores muito moderados de distorção e vinhetagem.
Os filtros artísticos são uma novidade, na marca. São aplicados depois da captação, o que permite conservar a versão original do ficheiro de imagem. Para garantir a melhor qualidade possível, na imagem final, recomenda-se o uso do formato RAW, para produzir a imagem original.
Pesando o preço e a qualidade oferecida, a NX100 é uma boa opção para quem queira “dar o salto”, das compactas para um mundo mais generoso em possibilidades criativas, como é o das câmaras com sensor de formato APS-C.
O efeito de miniatura é outro dos filtros artísticos disponíveis na
NX100. Nem todos os assuntos se prestam, no entanto, ao seu uso.

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