sábado, 29 de janeiro de 2011

Agfa Isolette - Uma médio formato de bolso

É difícil aceitar a ideia de que certos modelos de câmaras fotográficas com mais de cinco décadas de existência possam produzir imagens com melhor qualidade do que cerca de 90% das máquinas fotográficas utilizadas na actualidade, sobretudo quando se constata que àquelas câmaras faltava uma série de dispositivos e sistemas sofisticados de focagem e cálculo de exposição, de aplicação corrente nos tempos modernos. O modelo de que lhe falamos aqui constitui um dos muitos exemplos do engenho dos fabricantes de equipamentos, nos campos da mecânica e da óptica fotográfica.
Nas suas diferentes versões, a Agfa Isolette era uma câmara de médio formato que utilizava filme em rolo, de formato 120 (capaz de fornecer 12 imagens de 6 x 6 cm), e possuía um fole que unia a objectiva ao chassis, permitindo o colapso daquela e a consequente facilidade de transporte do conjunto.
Fechada, a Isolette possuía um volume muito pequeno, quando comparado com o das outras câmaras de médio formato; menor, ainda, do que o de muitas SLRs digitais da actualidade. Este era, de resto, um conceito muito em voga nos anos que imediatamente antecederam - e sucederam - a Segunda Guerra Mundial, e que chegou até ao início dos anos 60, altura em que as câmaras reflex de objectivas gémeas, japonesas - mais baratas -, e sobretudo as câmaras de formato 35 mm, começaram a tomar conta do mercado.

A primeira Isolette viu a luz do dia em 1938. Devido ao seu conceito de base, apresentava algumas características operacionais que poderiam ser consideradas desvantajosas. Uma delas era o avanço totalmente manual do filme que, não raras vezes, originava a dupla exposição do filme, porque o utilizador se esquecia de o avançar entre exposições. Outra, era a necessidade de o operador estimar previamente a distância ao objecto fotografado para, depois, marcar esse valor no anel de focagem da objectiva Agnar, de três elementos, que equipava o modelo.
No entanto, a sua facilidade de transporte, a qualidade das suas imagens - que lhe advinha do grande tamanho do negativo - e, sobretudo, o seu baixo preço, contribuíram para o seu sucesso junto do público consumidor.
A segunda versão - a Isolette II -, indroduzida em 1952, trouxe consigo alguns avanços tecnológicos como foi o caso da objectiva Apotar e da fabulosa Solinar, de 85 mm, bem como os excelentes obturadores Prontor - com velocidades entre 1” e 1/300”, e temporizador - e Compur, cuja velocidade máxima ascendia a 1/500”. No entanto, continuava a obrigar o fotógrafo a fazer estimativas quanto à distância de focagem, facto que não punha grandes problemas quando se usavam os números f: mais altos, a distâncias razoáveis, mas que trazia alguns dissabores com as aberturas maiores da objectiva, sobretudo a pequena distância.
Para resolver este problema, a Agfa começou por substituir o visor óptico directo da Isolette II, por um visor telemétrico de imagem sobreposta. Apesar de ter passado a ser possível determinar com rigor a distância ao assunto fotografado, continuava a ser necessário transpor esse valor para a objectiva, uma vez que o telémetro era de tipo não acoplado. Esta versão, surgida também em 1952, foi baptizada com o nome de Isolette III.
Mas a evolução do modelo exigia ir mais além, no sentido de responder às necessidades dos utilizadores mais avançados. Assim nasceu, dois anos mais tarde, a Super Isolette, munida - finalmente - de um telémetro acoplado à objectiva, de um sistema automático de carregamento do filme e de uma nova versão da objectiva Solinar - a de 75 mm - que permitia a utilização de filtros montados na sua parte frontal. Esta é de resto, considerada como a versão mais avançada da linha Isolette, modelo que se manteve no mercado durante mais de duas décadas.

A Agfa Super Isolette já tinha telémetro acoplado.

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