domingo, 20 de fevereiro de 2011

Speed Graphic - O ídolo americano

Três visores, outros tantos modos de focagem, dois obturadores, movimentos de descentramento e basculamento, corpo colapsável; estes são apenas alguns dos atributos da Speed Graphic de formato 4 x 5”, a câmara que quase todos os fotógrafos de imprensa, americanos, utilizavam entre os anos 30 e o início dos anos 60 do século passado. A história das Graphic tinha já começado em 1917, e estender-se-ia até 1973. Uma história de sucesso!
As suas características técnicas, robustez mecânica, portabilidade e elevada qualidade das suas ópticas (sobretudo da Kodak Ektar 127 mm f:4.7) colocaram-na em praticamente todos os lugares onde a notícia acontecia e, por isso, não é de estranhar que fotografias famosas como as do desastre do dirigível Hidenburg, em 1937, ou da colocação da bandeira americana na ilha japonesa de Iwo Jima, em 1945, por Joe Rosenthal, tenham sido captadas com a Speed Graphic.
A versatilidade destas câmaras, porém, permitia a sua utilização em ambientes menos dramáticos como as bancadas dos estúdios de publicidade ou os enlaces matrimoniais, com resultados soberbos.

De funcionamento algo complexo, este ícone da indústria fotográfica americana merece que nos debrucemos um pouco mais sobre os seus aspectos técnicos. Desde logo, há a destacar o facto de a composição da imagem poder ser efectuada de três modos diferentes: por visor óptico directo à semelhança do que sucede nas câmaras compactas; usando um quadro metálico colocado sobre o montante da objectiva que, ajudado por uma mira, permitia efectuar ajustamentos de campo visual e de paralaxe; ou por observação directa do vidro despolido, antes da colocação do chassis com o filme.
A focagem era efectuada opcionalmente por um telémetro de imagem partida, por uma escala existente na base da câmara ou directamente no despolido.
A desvantagem dos visores directos residia no facto de necessitarem máscaras apropriadas para as diferentes distâncias focais utilizadas. Estas condicionavam igualmente a sincronização do próprio telémetro.
Mas, uma das características mais interessantes desta câmara, produzida pela Graflex, de Rochester, era o facto de poder funcionar com dois obturadores: um, central, incorporado na própria objectiva, e outro, de plano focal, integrado no corpo da câmara, que permitia efectuar exposições entre 1/30” e 1/1000”, com um dispositivo de cortinas. A escolha entre os dois sistemas era efectuada por meio de um comutador mecânico existente na parte lateral da máquina.

Os movimentos de descentramento e basculamento eram necessariamente limitados, em amplitude, e confinavam-se ao montante da objectiva; mas eram suficientes para a grande maioria das situações fotográficas. O formato 4 x 5”, por seu turno, permitia a obtenção de imagens com grande definição, mesmo quando eram utilizadas emulsões rápidas, devido à pequena ampliação a que o negativo era submetido.
Quando, hoje, vemos filmes da época, nos quais intervém a personagem do fotógrafo de imprensa, lá estará certamente uma Speed Graphic ou uma das suas variantes, com o característico flash circular, tal a forma como esta câmara marcou a actividade fotográfica naqueles tempos.


Joe Rosenthal utilizou uma Speed Graphic para registar a tomada de Iwo Jima, em 1945.


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