terça-feira, 24 de maio de 2011

Teste - Amberpixel Ax3 (Parte II)


Eis-nos de volta ao tema da fotografia de alta velocidade e ao controlador Ax3, recentemente desenvolvido pela empresa portuguesa Amberpixel. Esta é a segunda parte do teste que fizemos a este aparelho, iniciado no nosso artigo “Teste - Amberpixel Ax3 (Parte I)”. Depois de, naquele, lhe termos dado conta do funcionamento dos três sensores incluídos de série com o equipamento - som, infravermelhos e vibração -, vamos falar-lhe agora das restantes funcionalidades do Ax3, não relacionadas - pelo menos, directamente - com a fotografia de alta velocidade.

Um disparador remoto
A funcionalidade mais básica do Amberpixel Ax3, não relacionada com a fotografia de alta velocidade, é a de um simples disparador remoto, por cabo. A aplicação dedicada chama-se “Remote Control” e possui duas variantes, consoante se pretende accionar o obturador da câmara ou o flash, respectivamente.
No primeiro caso, apenas não conseguimos que o Ax3 mantivesse a câmara a disparar, quando esta estava configurada em modo de disparos contínuos. O levantamento prévio do espelho e o temporizador da câmara mostraram-se perfeitamente compatíveis com a aplicação incluída no controlador; pelo menos, no caso do modelo utilizado no teste, a Sony A900.
Se o objectivo é controlar o flash, há que ter o obturador da câmara aberto - por exemplo, na posição B (Bulb) -, de modo a garantir a captação do clarão produzido. O valor da abertura relativa, necessária à obtenção da exposição correcta, deve ser determinado previamente, de preferência com um fotómetro de mão.
Uma opção que permitisse controlar a duração das longas exposições, quando usamos o modo B, seria muito bem-vinda, já que o tempo máximo permitido pela própria câmara - antes de nos socorrermos daquela opção - ronda, habitualmente, os 30 ou 60 segundos. Uma forma de “dar a volta” à questão consiste em utilizar a aplicação “HDR Bracketing” - de que lhe falamos mais adiante -, definir o respectivo tempo inicial, para a exposição pretendida e deixar actuar o controlador. Esta opção tem, no entanto e como veremos, alguns inconvenientes que condicionam a sua eficácia e aplicabilidade.

Um intervalómetro fiável
Captar fotos a intervalos de tempo regulares é uma opção de popularidade crescente hoje em dia, permitindo o emprego de técnicas de produção de vídeos, a partir de sequências de fotografias, como é o caso da designada “Time Lapse”. Com ela, é possível criar a sensação de aceleração do tempo, numa cena de exteriores, usando imagens captadas regularmente a diferentes horas do dia.
Neste âmbito, o Amberpixel Ax3 comporta-se muito bem; e só não dizemos que se comporta de uma “maneira exemplar” por causa de um pequeno detalhe, a que aludiremos mais à frente. Entretanto, analisemos os passos que há que dar, para pôr o sistema a funcionar.
A câmara deverá estar completamente imóvel, ao longo de todo o processo. Se é previsível que as condições de luz variem, de foto para foto, é conveniente irmos ajustando os valores de exposição ou, se nos ausentarmos do local, deixar a câmara configurada num dos modos automáticos ou semi-automáticos - prioridade à abertura ou ao tempo de exposição - consoante as exigências do motivo fotografado.
A “Timelapse Photo” é a aplicação que, no Ax3, é responsável pela activação da câmara fotográfica no momento certo. Apenas é necessário indicar ao controlador duas coisas: o número de fotografias que se pretende captar e o tempo que deve mediar entre imagens consecutivas. O pequeno “senão” - de que já falámos atrás, a propósito da função “Remote Control” - é que a primeira foto só é captada depois de decorrido o tempo estipulado como intervalo entre as fotografias. Isto é, se pretendermos registar uma imagem, de duas em duas horas, a primeira delas só é captada passados 120 minutos depois de darmos o “OK”. Esta é uma situação que obriga a “jogar em antecipação” e que acreditamos possa vir a ser objecto de atenção numa próxima versão do controlador.
Séries muito longas de fotografias aconselham a considerar a hipótese de fotografar com auxílio do temporizador da câmara - regulável, de preferência - quando estiverem envolvidas situações de muito baixa luminosidade, de modo a evitar que as vibrações devidas ao movimento do espelho - nas câmaras reflex - fiquem registadas nas imagens.
Por outro lado, se quiser conjugar a utilização do Ax3 com o levantamento prévio do espelho da sua câmara, não se esqueça dos seguintes aspectos: por um lado, utilizar focagem manual e, por outro, dividir por 2 o intervalo entre exposições consecutivas - além de ter que multiplicar por 2, o número de fotos pretendido. Isto é, se pretende captar uma foto a cada 20 segundos, por exemplo, deverá marcar o valor de 10 segundos, no Ax3. É que o controlador, primeiro, levantará o espelho, e só passados 10 segundos - quando se completar o ciclo seguinte - é que accionará o obturador. A cada operação destas, a Ax3 soma uma unidade ao seu contador interno de fotos captadas.
Este método não é recomendável quando o intervalo especificado no controlador excede o tempo máximo que o espelho da câmara pode estar levantado, sem que esta o recoloque na sua posição de descanso; além da grande solicitação que faz à bateria da câmara, esta acaba por não registar qualquer imagem.
E já que falamos de bateria, não seria nada mau que o próprio controlador possuísse um indicador do estado da sua própria pilha e, mesmo, uma função de poupança de bateria.
Para avaliar as prestações do Amberpixel, nesta configuração, montámos este vídeo em Adobe Premiere Elements 9, que o convidamos a ver.

 

Alta gama dinâmica
Tal como acontece na utilização dos sensores de alta velocidade (ver Teste - Amberpixel Ax3 (Parte I)), este é um modo de captação que requer a utilização do modo B, deixando ao controlador o trabalho de supervisionar a duração das diferentes exposições.
Começa-se por escolher o número de fotos a captar, o tempo de exposição da primeira delas - no mínimo, um segundo - e o incremento de tempo entre captações sucessivas - no máximo, dez segundos.
Esta é, sem dúvida, a função menos “trabalhada” do controlador. Mas - convém não o esquecer - este é um produto criado fundamentalmente para a fotografia de alta velocidade, e não para responder aos desafios da fotografia de alta gama dinâmica (HDR). As variações de tempos de exposição, conseguidas conjugando o tempo inicial com os incrementos, obrigam a uma escolha criteriosa de quais as imagens que deverão ser aproveitadas para efectuar a fusão em HDR. Tal pode significar ter que rejeitar várias imagens intermédias, que inevitavelmente há que recolher, só para seleccionarmos as que possuem diferenças de exposição significativas, entre si, expressas em EV.
Por outro lado, uma exposição inicial, máxima, de 180 segundos, se bem que possa ser mais do que suficiente para uma cena nocturna citadina, é francamente curta para a maioria das cenas nocturnas em ambiente campestre.

Obtenha várias fotos com diferentes exposições, controladas pelo Amberpixel Ax3...
... e junte-as numa só, com uma aplicação específica para HDR. (Efeito simulado, com fins meramente
ilustrativos da técnica).

Conclusão
Embora tenha sido criado para responder às exigências da fotografia de alta velocidade, o Amberpixel Ax3 oferece outras funcionalidades que não são de desprezar. Desde disparar a nossa câmara por controlo remoto, passando pela captação de fotos a intervalos regulares - permitindo a posterior montagem sob a forma de um vídeo “Time Lapse” - até à obtenção de imagens de alta gama dinâmica (HDR), podemos fazer tudo isso com um mesmo equipamento.
Esta última opção é a que melhor denota a vocação do controlador para outro tipo de trabalho, a fotografia de alta velocidade, campo onde o Ax3 está como peixe na água.
Dotar a função de controlo remoto, da possibilidade de escolher a duração de uma longa exposição, ou poder definir o momento em que a câmara deve iniciar a série de fotografias, na opção de intervalómtero, seriam dois benefícios muito apreciados, nos modelos de futura geração.
O funcionamento da captação HDR varia muito em função das condições de luz, disponíveis; pode ser altamente consumidor de tempo - e de energia -, em fotografia nocturna, longe de ambiente urbano, ou permitir sequências de exposições mais curtas, para captar as luzes da cidade.

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