terça-feira, 8 de setembro de 2009

Fotógrafo ou terrorista?

Será que o acto de fotografar é, em si, um crime? Em teoria, não! Mas a prática seguida pelas autoridades de alguns países, sobretudo no Reino Unido, parece anunciar para breve a "elevação" à categoria de actividade criminosa, o simples facto de apontar a máquina fotográfica seja em que direcção do espaço for. A paranóia instalada em torno do terrorismo, pedofilia, saúde e segurança total e absoluta, privacidade dos cidadãos - mesmo quando muitos destes fazem de tudo para dar nas vistas - tem vindo a resultar em crescente desconfiança relativamente aos fotógrafos, sem distinção entre amadores e profissionais.
De tal forma que fotografar uma loja de "fish-and-chips" ou uma estação de autocarros já deram "direito" a interpelação e, mesmo, detenção, em terras de Sua Majestade. Numa época em que a tecnologia digital veio massificar a utilização da câmara fotográfica, por parte do cidadão comum, a nossa sentença está a ponto de ser lida e estabelecerá que todos temos que andar permanente e ferozmente desconfiados uns dos outros. Mesmo quem fotografa com telemóvel vai ter que se cuidar.
Por cá, este estranho prazer de proibir também se faz sentir. Felizmente, em muito menor grau. Mas, se estiver a fotografar no centro de Lisboa, com a câmara montada num tripé, é provável que não se livre da "amistosa" abordagem de um agente da autoridade ou fiscal da respectiva edilidade, perguntando-lhe o que está a fazer e se tem licença para usar tripé na via pública. Faz-me recordar os meus tempos de infância, quando era necessária uma licença para usar um simples isqueiro!...
Ironia à parte, a seriedade do assunto levou o The British Journal of Photography, publicação semanal orientada para a fotografia profissional, a denunciar a situação com o lançamento da campanha "Not a crime". Nesta acção, os fotógrafos (também os amadores) são convidados a publicar um auto-retrato com a frase "I am not a terrorist" ou "Not a crime", como forma de protesto contra a presente situação (ou devemos dizer aberração?). Naturalmente, não podia ficar indiferente a esta temática e associei-me a esta iniciativa por entender que as práticas que mencionei acima estão anos-luz afastadas do razoável e ficam a dever muito à inteligência. Convido-o a si, entusiasta da arte fotográfica, a fazer o mesmo em http://www.not-a-crime.com/. Mesmo que não seja cidadão britânico, lembre-se que estas "modas" têm uma terrível tendência para se propagar. E, quem sabe se a sua próxima viagem não será àquele (apesar de tudo) interessante país, ironicamente, pátria de um dos inventores da Fotografia: Fox-Talbot.

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