segunda-feira, 15 de março de 2010

Contrariedades de um fotógrafo

Ao contrário de outro que se dedique à tomada de vistas em estúdio, um fotógrafo de paisagem está completamente dependente das condições de luz que, em determinado momento, lhe são oferecidas pela Mãe-Natureza. Isto não quer dizer que não possa, com arte e engenho, contornar muitas das dificuldades que uma luz desfavorável lhe venha a colocar.
A utilização de reflectores, flashes e outras formas de fabricar uma luz de enchimento acabam por perder importância, face à escolha da hora do dia ou, mesmo, da altura do ano em que munir-nos do nosso equipamento e sair a fotografar.
As condições atmosféricas vigentes no momento do clique fotográfico, no entanto, acabam por ser das mais determinantes no trabalho do fotógrafo de paisagem; ao ponto de o obrigarem a alterar todos os seus planos para a sessão fotográfica em curso. Por exemplo, quem poderia dizer, à primeira vista, que a imagem que ilustra este artigo demorou mais de 2 horas a ser captada, entre o momento em que cheguei ao local e o accionamento do obturador?É verdade! Retirar o tripé e a mochila com o equipamento de médio formato de dentro do carro, e instalá-los no lugar correcto - escolhido no dia anterior - foi obra de pouco mais de um quarto de hora (determinação da exposição com fotómetro pontual, incluída).
Enquanto procurava o cabo disparador no interior da mochila e armava o obturador da câmara, um arreliador nevoeiro levantou-se do lado do mar, sobranceiro ao local. Apesar das "promessas" em sentido contrário, aquele adensava-se até se transformar numa chuva miudinha, daí a instantes. Não tive mais remédio senão envolver toda a câmara com o impermeável que trazia comigo - nos Açores, é um acessório imprescindível, durante "apenas" 12 meses por ano - e recolher-me à viatura até que a chuva parasse, o nevoeiro levantasse e o sol brilhasse de novo. Como se passou, entretanto, quase hora e meia, e o final do dia se avizinhava, houve que chamar o fotómetro pontual, de novo, à cena e transferir as suas indicações, uma vez mais, para a objectiva da câmara. Felizmente, já não tive que procurar de novo o cabo disparador, na mochila...
Quem disse que a Fotografia consiste unicamente em apontar e disparar?


1 comentário:

Carlos Faria disse...

Olha uma das últimas vezes que passei por esta paisagem fiquei retido 5 dias por razões meteorológicas na ilha e até tinha óptima luz, o vento é que não ajudava nada ao avião, sem dúvida contrariedades de um geólogo ;)