quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

TESTE - Casio Exilim EX-H20G

Quantas vezes já sentiu que a sua câmara compacta, baratinha e sem grandes predicados tecnológicos, lhe impõe sérias limitações quando se encontra em viagem de férias ou numa simples escapadinha de fim de semana?
Ou porque parou num miradouro para uma paisagem grandiosa e a câmara não consegue abarcar tudo; ou porque foi de visita ao jardim zoológico e os animais saíram demasiado pequenos nas fotografias; ou, ainda, porque passou por várias localidades e agora já não se lembra em qual delas registou aquela imagem da fonte luminosa à noite... É bem natural que tenha sentido a necessidade de dispor de uma máquina fotográfica que lhe resolva estes problemas, sem ser necessário comprometer o orçamento doméstico.
Já há vários anos que a generalidade das marcas oferece câmaras compactas, com grandes gamas zoom (de 10x ou mais), de modo a facilitar a vida a quem quer uma máquina fotográfica, essencialmente, para registar as memórias das suas viagens, nas mais variadas situações.
Desde a inclusão da focal equivalente a 24 mm - apropriada para registo das imagens dos grandes monumentos ou de paisagens grandiosas - até à aplicação de receptores GPS - que nos permitem, mais tarde, identificar os locais onde captámos as nossas fotos -, foram muitos os melhoramentos introduzidos gradualmente naquele tipo de aparelhos fotográficos.
A Casio Exilim EX-H20G, porém, propõe-nos algo de único, no actual panorama do aparelho fotográfico: o seu sistema ‘Hybrid-GPS’.

Rigor de posicionamento
Até ao aparecimento deste modelo da Casio, a atribuição de coordenadas geográficas aos ficheiros JPEG era feito com a ajuda de dispositivos GPS externos (Sony GPS-CS1KA, ATP Photo Finder ou Jobo photoGPS, por exemplo).
Em ambos os casos, aqueles dispositivos necessitavam estar em “linha de vista” com os satélites do sistema de posicionamento global, de modo a proceder à triangulação necessária à determinação das coordenadas geográficas (latitude e longitude). Por isso, quando o utilizador se encontrava rodeado de prédios altos, ou no interior de um edifício, o sinal GPS perdia-se e eram atribuídas coordenadas erradas às fotografias.

Com a H20G, da Casio, as coisas passam-se de maneira diferente... para melhor! Além do receptor GPS, a câmara possui um sistema acelerométrico que detecta a magnitude dos movimentos da mesma, e um sistema de processamento que os converte em coordenadas geográficas parciais. Assim, ao entrar num monumento, por exemplo, o sistema de georreferenciação continua a funcionar, adicionando aquelas coordenadas às determinadas pelo receptor GPS à entrada do edifício.
No contacto que tivemos com a câmara, os resultados obtidos foram bastante bons, tendo em conta o que já conhecíamos de outros sistemas. Tomando como base cartográfica o Google Maps/Earth, notámos desvios máximos que não excederam os 30-40 metros; as especificações adiantadas pela própria Casio referem um erro máximo não superior a 100 metros. Em alguns casos, a coincidência entre os dados da câmara e aquela base cartográfica foi perfeita.

Apoio ao viajante
Tratando-se de uma câmara destinada a ser utilizada em viagem, a Casio resolveu, integrar, nesta Exilim, uma aplicação com a qual é possível navegar por cerca de 10 mil locais de interesse turístico. Espalhados pelos quatro cantos do mundo, aparecem-nos projectados em mapas interactivos, acompanhados das respectivas fotografias e coordenadas geográficas.

A própria câmara, uma vez completados os cálculos da triangulação, mostra o nome da localidade onde nos encontramos, nome esse que pode ser gravado no ficheiro de dados EXIF, anexo à fotografia.

Grande variedade de modos
A versatilidade é, de resto, a palavra de ordem, na Casio Exilim EX-H20G, aliada a uma enorme panóplia de modos de captação, reunidos no menu interno da câmara, sob a designação de ‘Best Shot’ e acedidos pelo botão ‘BS’, na traseira da mesma.
Ao todo, são 27 programas especializados, de onde se destacam, além dos usuais modos de Retrato, Paisagem, Crianças, Flores e Animais, um modo de gravação de vídeo para YouTube - ou não se tratasse de uma Casio! - e  uma opção de fotografia panorâmica capaz de registar imagens em mais de 360º, conforme exemplo no fim deste artigo. Neste caso, basta carregar no botão do disparador, soltá-lo e rodar a câmara - uma metodologia de captação iniciada com o modo ‘Sweep Panorama’, da Sony. A travagem ou aceleração brusca do movimento de rotação, interrompe a captação da panorâmica no local desejado; ou pode significar termos que repetir a foto por esta não ter resultado à medida dos nossos desejos. Depende da perspectiva!

Qualidade de imagem
Uma câmara poderá ter grandes e inovadoras funções. Mas se a sua qualidade de imagem for má - diz-nos a experiência -, os consumidores irão rejeitá-la.
Felizmente, para a Casio, não é esse o caso. A marca trabalhou bem a questão do ruído gerado pela integração de 14.1 milhões de píxeis (efectivos) num sensor tão pequeno; pelo menos no capítulo da intensidade global do mesmo.
Entre ISO 80 e 400, o ruído é baixo a moderado, tornando-se moderado nas sensibilidades mais altas, mercê da compensação efectuada durante o processamento.
Esta é especialmente forte quando se utiliza o efeito ‘Maquilhagem’, uma opção óptima para disfarçar rugas e imperfeições nas caras dos retratados, mas que tende a introduzir artificialidade no aspecto da imagem.

O ruído é bastante moderado, em todas as sensibilidades.
A objectiva apresenta boa qualidade, tendo em conta a extensa gama de distâncias focais disponíveis (24-240 mm, equiv.). A resolução é moderada a alta, mesmo quando se utiliza a focal mais longa. No modo Paisagem, a câmara aplica um processamento de nitidez um pouco mais agressivo do que nos restantes, o que aumenta a sensação visual da nitidez.
A reprodução das cores é estável em toda a gama de sensibilidades, com excepção de ISO 1600, onde é visível uma assinalável dominante amarelada.
No capítulo de distorção, o comportamento da H20G é o esperado de uma câmara com estas características; na posição grande angular, a distorção em barril é visível, mas não exagerada. No extremo oposto da gama zoom, ocorre distorção em almofada, visível, embora de baixa intensidade.
A vinhetagem é globalmente moderada a baixa, a que não deverá ser alheia alguma compensação efectuada pela própria câmara.

A resolução é moderada a alta, mesmo nas focais mais altas.
 
Gravação vídeo HD
Nos tempos que correm, quase não há câmara fotográfica que não ofereça gravação vídeo HD, pelo menos a 720p. E a Casio Exilim EX-H20G não foge à regra, apesar de também oferecer a opção de 640 x 480 píxeis. Para activar a gravação, basta carregar num botão dedicado existente na parte traseira da câmara bem a jeito do polegar.
No entanto, nem tudo são rosas e, tal como muitas das suas concorrentes, a H20G não permite a utilização do zoom, nem a captação de fotografias durante a gravação vídeo. Não se pode ter tudo, numa câmara que não chega a custar 300 Euros!
Em contrapartida, as opções de edição de vídeo são bastante fáceis de implementar.


Autonomia que dura
A autonomia da bateria NP-90 que equipa a Casio Exilim EX-H20G é um dos seus pontos fortes, com provas dadas em outros modelos da marca, onde chegou a conseguir mais de 1000 fotos com uma única recarga (Exilim EX-H10).
No entanto, os tempos e as exigências de energia eram outros. A H10, possuía um monitor de 3” e uma objectiva, idênticos aos da H20G, mas não tinha um receptor GPS a pedir “comida” a todo o instante, como a sua irmã mais nova; e o esforço pedido ao processador, para tratar uma quantidade mais reduzida de píxeis, também era menor.
Por tudo isto, a H20G fica-se pelas 480 fotos (dados fornecidos pelo fabricante) com todas as funcionalidades activas. Desligando o GPS, aquele valor sobe para as 600 fotos por recarga. Ainda assim, uma boa cifra, face às pouco mais de 300, habituais na generalidade das câmaras compactas.

Conclusão
Se precisa de uma câmara versátil para levar de viagem, capaz de registar os nomes dos locais por onde passa, mesmo no interior de edifícios, então a Casio Exilim EX-H20G é uma forte candidata.
Pode servir-lhe de guia para o levar aos locais mais turísticos de todo o mundo e, até, guiá-lo pelas ruas de cidades como Londres, Paris ou Nova Iorque.
A focagem é algo lenta e ruidosa - algo que já acontecia com a H10; mesmo tendo em conta que se trata de uma câmara que utiliza a detecção de contraste. Em compensação, o estabilizador de imagem, montado no bloco do sensor, dá uma preciosa ajuda quando a luz é fraca e usamos as focais mais altas.
A qualidade de imagem é boa, com distorção e vinhetagem moderadas, embora a redução de ruído seja, por vezes, demasiado forte para preservar, os detalhes mais finos da imagem, como acontece na sensibilidade mais alta permitida pela câmara (ISO 3200) e no modo Retrato.
No global, o balanço é positivo tendo em conta o tipo de utilização para que a câmara foi concebida. A verdade é que, pelo preço que custa, não há mais nenhuma câmara a fazer o mesmo!


No modo panorâmico, é possível cobrir um ângulo superior a 360º.

2 comentários:

Leandro Godoy disse...

Parabens pela qualidade do texto ...

José L. Diniz disse...

Muito obrigado, Leandro!
Esforçamo-nos por dar o nosso melhor em cada artigo! :-)