quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Nikon F3 - Apuro tecnológico

Controlo automático da exposição com prioridade à abertura, oscilador de quartzo que assegura tempos de obturação precisos, entre 8” e 1/2000”, visor com 100% de cobertura e painel de cristal líquido para afixação das velocidades, medição TTL com flash e um vasto sistema de objectivas e acessórios, foram razões mais do que suficientes para cativar os utilizadores da Nikon F3 ao longo de mais de duas décadas.
Mas, disponibilizar tamanha gama de argumentos num só aparelho, foi tudo menos fácil. A história da terceira geração da linha F, da Nikon, é bem ilustrativa das dificuldades que os fabricantes de equipamentos fotográficos têm de superar para corresponder às exigências e expectativas dos consumidores.
O desenvolvimento da F3 esteve muito longe do simples cumprimento rigoroso de um plano pré-estabelecido. Pelo contrário, os projectistas deste emblemático modelo foram-lhe incorporando as tecnologias mais avançadas que iam ficando disponíveis no decurso do seu longo período de desenvolvimento, iniciado pouco depois do lançamento da F2, em 1971, e que culminou com o seu aparecimento da Nikon F3, no mercado, em Março de 1980.
Tecnicamente, a câmara herdou alguns dos conceitos-chave empregues na sua “irmã mais velha”, como o visor intermutável e os circuitos de medição TTL e de cálculo automático da exposição, incorporados no visor Photomic. Às criticas de que o modelo do início os anos 70 não continha mais do que pequenos melhoramentos relativamente à pioneira, Nikon F, respondeu a marca com a aplicação de tecnologia de ponta, incorporando na F3 um obturador de plano focal controlado electronicamente, o qual permitiu a introdução do controlo automático da exposição. Possibilitou, por outro lado, controlar com rigor a duração das exposições mais longas.

No entanto, nesta fase inicial de desenvolvimento, continuava a não ser possível efectuar medições TTL sem que a câmara possuísse um visor equipado com fotómetro. Para resolver esta dificuldade, os técnicos da Nikon inventaram um novo tipo de espelho provido de pequenos orifícios que permitiam a passagem da luz para um segundo espelho colocado atrás do principal, dirigindo-a para uma célula de medição, instalada na base do respectivo compartimento.
A contínua introdução destas - e de outras - inovações tecnológicas no processo de desenvolvimento da F3, como o controlador de quartzo e a afixação dos valores de velocidades em painel LCD, motivaram várias revisões e reformulações do projecto.
O aspecto exterior foi entregue à criatividade do conceituado designer industrial Giorgetto Giugiaro, que conferiu ao modelo a ergonomia que faltava aos modelos antecessores. Não deverá ter sido tarefa fácil imaginar a colocação da tão grande profusão de botões que o corpo da F3 apresenta, e obter, ainda assim, o aspecto agradável que a câmara inegavelmente possui.

Versão F3/T com dorso de grande capacidade MF-4 250 Back.
 Ao longo do desenvolvimento desta - bem sucedida - Nikon, a filosofia de integrar mais e mais inovações, à medida que iam estando disponíveis (ainda que adiando sucessivamente o lançamento do modelo) esteve sempre presente. A sua popularidade e a longevidade parecem dar razão aos responsáveis de então.

1 comentário:

Anónimo disse...

eu tenho uma f301. Nao havia "incentivo" para a f3 na altura :-)