domingo, 13 de fevereiro de 2011

Alpa Reflex - Uma híbrida de sonho

Pouco se fala da Suíça, enquanto país produtor de câmaras fotográficas de alta qualidade. Tal poderá ficar a dever-se à discrição que é apanágio da mentalidade helvética, mas nem por isso os produtos fotográficos produzidos naquele país ficam abaixo dos padrões a que nos habituaram os seus relógios, canivetes ou chocolates; muito pelo contrário! Considerando sobretudo o mercado nacional - mas não só -, as referências a fabricantes suíços de aparelhos fotográficos resumem-se a um ou dois nomes ligados a equipamentos de grande formato.Regenerado recentemente como marca, o nome Alpa está, desde 1996 a cargo da empresa Capaul & Weber, de Zurique, depois de inúmeras vicissitudes sofridas, e que levaram inclusivamente a marca a fazer parte da japonesa Chinon, durante as passadas décadas de 70 e 80.
A história da Alpa Reflex começa no longínquo ano de 1944, quando a firma Pignons SA lançou no mercado as primeiras câmaras, sob aquela designação, na feira de Primavera de Basileia. Já antes, em 1942, modelos semelhantes haviam sido apresentados pela empresa helvética no mercado americano, sob o nome de Bolca ou Bolsey Reflex. O nome resultava da parceria com Jacques Bogopolsky, ex-projectista de origem ucraniana da Pignons AS, que havia lançado as sementes das primeiras Alpa.
Estas peculiares câmaras híbridas de 35 mm combinavam dois conceitos de visor, distintos, no mesmo equipamento. Um visor directo com telémetro, destinado a ser operado ao nível do olho do utilizador, era complementado com um visor reflex, sem pentaprisma, que permitia efectuar o enquadramento em posições baixas. O telémetro era do tipo duplo, de imagem partida e de imagem sobreposta, acentuando ainda mais o carácter híbrido das câmaras.
As objectivas que equipavam as primeiras Alpa, bem como as que lhes sucederam, eram produzidas por outros fabricantes, como a francesa Angénieux (no início), a alemã Schneider ou a Suíça Kern Afrau, a qual, durante muitos anos, forneceu as objectivas normais da Alpa - as Switar e Macro-Switar, de 50 mm e f:1.8 e 1.9, respectivamente.
Com os anos, a Alpa Reflex foi mudando de feições e ganhou novos dispositivos, como o espelho de retorno instantâneo, uma alavanca de arraste do filme virada para a parte frontal da câmara - que, portanto, armava o obturador com um movimento da frente para trás, contrário ao da maioria das outras câmaras -, um prisma e um fotómetro integrado TTL. Com a chegada da terceira geração, acabou por perder o visor directo, em cujo lugar apareceu uma célula de selénio, utilizada para o cálculo da exposição.
O funcionamento das Alpa Reflex, sobretudo nos modelos mais sofisticados, era algo complexo. Por esse facto, e em virtude do elevado preço que aqueles equipamentos atingiam, não era grande o número de fotógrafos que os utilizavam para trabalhar.
Envolta num livro de instruções expedito
Na realidade, à semelhança das suas irmãs Standard - mais velha - e 12/12WA/12TC - as mais jovens -, as Alpa Reflex constituem-se menos como instrumentos de trabalho do que como objectos de culto. E quem não gostaria de possuir, na sua colecção, uma destas obras de arte? Até porque algumas vêm vestidas com o respectivo livro de instruções!

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