quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Sinar Norma - Um sistema modular versátil

Voltamos à Suíça para, uma vez mais, dar conta da excelência e do pioneirismo dos equipamentos fotográficos produzidos naquele país. Desta vez, a nossa viagem no tempo leva-nos a Schaffhausen, uma pequena cidade no norte da confederação helvética, junto à fronteira com a Alemanha, para conhecer o modo como uma família de fotógrafos esteve na origem de uma das mais prestigiadas marcas de câmaras fotográficas.
Desde os finais do século XIX, quando as placas de colódio constituíam o material sensível, a fotografia era um modo de vida, na família Koch. A actividade passou de pais para filhos, até finais da primeira metade do século XX, altura em que Carl Koch tomou conta do negócio familiar. Considerando que os equipamentos da época não respondiam adequadamente às necessidades do trabalho fotográfico, Herr Koch resolveu desenvolver um aparelho mais versátil e fácil de utilizar. Em 1948, o seu engenho acabou por dar frutos com o lançamento no mercado da primeira Sinar de grande produção - a Norma -, baseada num inovador sistema modular.
Proposta a produção a um fabricante alemão, este terá começado por não aceitar bem a ideia de que um fotógrafo pudesse ter projectado uma câmara, melhor do que os seus próprios engenheiros. Ainda assim, foram produzidas algumas unidades; as suficientes para que a fama do novo sistema tivesse alastrado, ao ponto de as solicitações terem feito com que Carl Koch vendesse o estúdio fotográfico que possuía e abrisse uma empresa para fabricar o seu próprio invento.
Sinar é um acrónimo de Studio, Industry, Nature, Architecture, Reproduction, o que revela bem a pluralidade de aplicações possíveis e a consequente versatilidade da câmara.
A filosofia de base do novo aparelho era simples. Um banco óptico que suporta dois montantes giratórios - frontal e traseiro - unidos por um fole, constituíam o esqueleto do sistema. Uma objectiva, aplicada no montante frontal, e um vidro despolido - onde se projectava a imagem formada por aquela -, montado na traseira da câmara, completavam o conjunto.

O despolido deslocava-se da sua posição para permitir a instalação, no seu lugar, de um carregador com filme plano. O sistema podia ser ampliado à medida das necessidades, adicionando extensões de banco óptico e foles suplementares. As possibilidades de regulação eram múltiplas, incluindo a alteração da nitidez e da forma da imagem, por aplicação da regra de Scheimpflug.
Ao longo do tempo, os responsáveis pela evolução do sistema modular procuraram sempre preservar ao máximo a compatibilidade entre componentes de diferentes gerações, de tal forma que, hoje, é possível adaptar os modernos dorsos à primeira geração da Sinar.

Sem comentários: