quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Kodak Disc - A fotografia em disco

Os termos “fotografia” e “disco” estão hoje mais ligados do que nunca, fruto da revolução operada no meio fotográfico pela chegada e massificação da tecnologia digital. Mas essa associação entre palavras não é apanágio dos dias que correm; nem sequer dos idos - mas não muito longínquos - anos 80 do século passado, altura em que a Kodak lançou e (pouco) comercializou a sua linha Disc, de câmaras fotográficas. Cerca de cem anos antes, isto é, quando a fotografia era uma jovem de pouco mais de 50 anos, já se utilizavam equipamentos de tomada de vista com material sensível em disco.
Centremo-nos, no entanto, no produto dos finais do século XX, aqui exemplificado pela Kodak Disc 4000, quiçá a versão mais popular do modelo da casa de Rochester, e cuja produção mediou entre 1982 e 1984. A ficha técnica desta câmara refere um tamanho de negativo minúsculo, de aproximadamente 8 x 10 mm, capaz de produzir, com qualidade aceitável, cópias até ao formato 10 x 15 cm. O disco de película fotográfica, com capacidade para 15 imagens, estava contido num invólucro plástico - tal como acontecia com os populares formatos 126 e 110 - cujas parecenças com as actuais disquetes são notáveis. Dessa forma, um pequeno motor situado no interior da câmara assegurava o arraste do filme. Este motor, a par do flash electrónico integrado, contribuiu para o (relativamente) grande volume da máquina, algo que não agradava aos seus utilizadores, que não viam com bons olhos o facto de a qualidade das imagens não acompanhar o volume da câmara. Aquela dependia mais do tamanho diminuto do negativo do que propriamente da objectiva de 12.5 mm f:2.8, asférica, de origem.
A escassa qualidade geral das imagens produzidas rapidamente conduziu a uma importante quebra no entusiasmo inicial que rodeou o lançamento destas câmaras. A Kodak ainda introduziu alguns melhoramentos com o lançamento, em 1985, da versão Tele Disc, que possuía uma lente adicional, amovível, para funcionar como teleobjectiva em conjunto com a de origem, mas sem melhoria dos resultados. A produção da Kodak Disc cessou por completo em finais da década de 80, após uma interrupção em 1988 destinada a fazer escoar o gigantesco stock de máquinas entretanto acumuladas. Apesar disso, o filme em disco continuou a fabricar-se até ao ano de 1998, quando o novo formato APS já era uma realidade, e as câmaras digitais iam aparecendo no mercado.
Se bem que não se tratasse de modelos destinados a amadores avançados nem a profissionais, é justo reservar para aparelhos como a Kodak Disc 4000 um lugar de destaque na história da máquina fotográfica, tais as particularidades da sua construção e da filosofia de projecto que lhe esteve na base.

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