terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Olympus Pen F - Inovação e elegância

Para assinalar a exposição mundial que teve lugar em Osaka, Japão, em 1970, foi levada a cabo, em Janeiro do ano seguinte, uma cerimónia muito especial. Nela, duas cápsulas do tempo com idênticos conteúdos foram enterrados numa câmara selada, a 9 e a 14 metros de profundidade, respectivamente.
No seu interior levavam objectos criteriosamente escolhidos para representar os estilos de vida e os avanços técnicos e científicos da época, particularmente no país do sol nascente.
Uma das cápsulas deveria ser desenterrada 30 anos mais tarde para verificação do estado de conservação do seu conteúdo e depois novamente enterrada, repetindo-se o procedimento à passagem de cada novo século. A segunda cápsula foi destinada a apenas ser desenterrada ao fim de 5 mil anos.
Mais de 2000 objectos faziam parte do recheio de cada cápsula. Mas, entre eles, apenas figurava uma única máquina fotográfica: a Olympus Pen FT.
A linha Pen (relançada nos tempos modernos, no verão de 2009) tinha surgido em 1959 na sequência da intenção de criar uma câmara fotográfica fácil de transportar e sempre pronta a ser usada, como se de uma caneta se tratasse. Apresentava a particularidade curiosa de utilizar apenas metade do formato corrente 24x36 mm, usado na generalidade das câmaras de pequeno formato da altura. Por isso, o número de imagens obtidas era o dobro do habitual, chegando-se ao máximo de 72 fotografias por rolo.
De câmara de visor directo, com telémetro e uma gama de velocidades de obturação limitada entre 1/25 e 1/200”, a Olympus Pen deu lugar, em 1963, à Pen F, a primeira câmara reflex de meio formato, após ter passado por vários estados de desenvolvimento, representados por diferentes versões dos modelos S, E, e D
A F era o centro de um completíssimo sistema que englobava objectivas intermutáveis, com distâncias focais compreendidas entre 20 e 800 mm, incluindo duas “zoom”, e um amplo conjunto de acessórios para macrofotografia (lentes de aproximação e tubos e foles de extensão), adaptadores para microscópio e para objectivas de outros fabricantes, copiadores de diapositivos e filtros.
No corpo da máquina, destacava-se o visor óptico vertical, herdado dos primeiros modelos, velocidades de obturação compreendidas entre 1” e 1/500”, permitindo, todas elas, um perfeito sincronismo com flash, graças ao seu obturador em titânio. Devido à utilização do sistema de espelhos Porro, a parte superior do corpo desta pequena Olympus não exibia a característica saliência do pentaprisma, presente nas câmaras reflex comuns.

A leitura TTL só apareceu em 1966, na versão Pen FT, por via de uma célula de CdS colocada por detrás do espelho semi-reflector. Até aí, a determinação da exposição no modelo F era feita por meio de um acessório de medição, montado na parte frontal do corpo da máquina sobre o anel das velocidades. Uma tomada para flash, com possibilidade de comutação entre contactos X e M, completava o rol de características da nova versão. Os predicados tecnológicos das várias versões da Olympus Pen F, aliados à elegância das suas linhas justificam, por si só, a razão de se terem tornado alvo privilegiado do apetite dos coleccionadores; algo que as presentes versões digitais - sobretudo a Pen E-P1, pelo seu significado histórico - também ameaçam fazer.


O seu aspecto, cinquenta anos depois!
A Olympus Pen, em 1959!

1 comentário:

Mealha disse...

Gostei. Foi a minha primeira SLR, a PEN FT. Agora pertence ao museu Colorfoto.